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Estudo revela que meia hora de exercícios diários pode evitar o câncer

Giovana Girardi, O Estado de S.Paulo

08 Agosto 2018 | 03h00

 

Seguir aquela recomendação básica de se exercitar por pelo menos meia hora por dia durante cinco dias na semana poderia prevenir pelo menos 2.250 casos de câncer de mama e de cólon no País. Se a atividade física fosse feita no nível que provavelmente o ser humano tinha quando vivia em sociedades caçadoras e coletoras, com cerca de 5 horas de exercícios diários, o potencial de prevenção poderia ser de até 10 mil casos.

As contas, feitas por um grupo de pesquisadores das Universidades de São Paulo (USP), Federal de Pelotas, de Cambridge (Reino Unido), de Queensland (Austrália) e Harvard, foram publicadas neste mês na revista científica Cancer Epidemiology.

A ideia foi cruzar o conhecimento consistente que já existia de outros estudos científicos – que mostram os benefícios da atividade física na proteção contra esses dois tipos de cânceres –, com a incidência dessas doenças no Brasil e com a taxa de exercícios praticados pelos brasileiros. O dado sobre a atividade física vem da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013. Segundo o trabalho, cerca de metade da população (47,6%) não atinge nem sequer os 150 minutos semanais de exercícios recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre as mulheres, a situação é pior (50,7%) que entre os homens (44,2%).

Os dados de câncer foram extraídos da OMS e do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O câncer de mama é o mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo. Por aqui, responde por 28% dos casos novos a cada ano. Para 2018, é estimado o surgimento de 60 mil registros. Para o câncer de cólon, a estimativa é de 36 mil novos casos.

Perder peso é fator-chave

 

O grupo que publicou o trabalho sobre exercícios físicos investigou também como a perda de peso pode reduzir a incidência de câncer no País. Artigo de abril apontou que poderiam ser evitados ao menos 15 mil casos por ano.

Os ganhos da atividade física contra a doença ocorrem, em boa parte, por promover perda de peso e de adiposidade. “Reduz inflamações, resistência à insulina, melhora o sistema imune e também reduz os níveis de alguns hormônios sexuais relacionados com cânceres”, explica o pesquisador Leandro Rezende.

A obesidade sozinha está associada a 13 tipos de cânceres (mama pós-menopausa, cólon, útero, vesícula biliar, rim, fígado, mieloma múltiplo, esôfago, ovário, pâncreas, próstata, estômago e tireoide).

Novos estudos vêm sendo feitos para checar os benefícios das atividades físicas também para essas outras doenças – trabalho que não é simples, porque envolve acompanhar grandes grupos por longo tempo. Mama e cólon são mais fáceis porque são os mais comuns. “No limite, a gente espera que, se a atividade física consegue reduzir peso e adiposidade, talvez possa ter efeito nos os 13 tipos”, diz Rezende.

 

 

 

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